Dizíamos que os corpos brutos são talhados na pedra da natureza por uma percepção cujo machado rompe, de certo modo, o contorno que se mostra ali delineado. Criacion.
Caminhar, partida, em blocos, pedaços.
Pulo na piscina em um mergulho que faço desde os meus 15 anos. Mas o corpo de agora, envelhecido, amolecido, que insiste em mergulhar de cabeça, sente que talvez já esteja chegando a hora de parar. A água gelada corta a pele como pequeninas agulhas, e o medo de não conseguir aborrece.
Já projeta sobre a matéria o desenho de suas ações manuais, o corpo ao qual basta apontar seus órgãos sensoriais para o fluxo do real para fazê-lo cristalizar em formas definidas e, assim, criar todos os outros corpos, brutalmente.
Será que se trata realmente de fugir do senso comum? O corpo comum não queria o fazer caótico e confuso, criar narrativas herméticas ou ainda lançar enigmas no mundo, queria era existir simples. Às vezes a vida fica no caminho, assim é.
Atravessar o mapa de onde estamos conversando, incontidos e incapazes de tentar demais depois, bem depois, que o corpo ainda sente dores; Tudo será definido e existe a fluidez.
Uma postura forte, elas são assim. Você modela, e de repente as coloca em uma postura altiva. Antes um toco, um húmus, livre para um movimento.
A geração a que pertenço parecia que continha em si o fruto de uma liberdade. meus sentimentos mudam todos os dias e acho que há algo a mais possibilidades de variações, sempre aberta a ser vivida. Algo me autoriza a pensar mundos, romper.
A primeira coisa que se precisa abandonar é a vontade de ser artista. Memória também é saber fazer esquecer.
