Quando você for mudar, com muitos lampejos de inspiração que, se bem organizados, podem ser  certeiros, guarde o seu descanso. Que não se esteja disposto a deixar o visual mundo e se você o quer mais escuro, sopre as velas. A menos que se tenha aquela coisa assim, não espere por nada. Você é igual a mim mas eu vivo fora da cidade, e sei que você não deve mudar o endereço da sua correspondência. São os números, lapsos cíclicos, vagares, como a filosofia, como a arte, como o próprio universo… não tem valor de sobrevivência; pelo contrário, é uma daquelas coisas que dão valor para a sobrevivência.

Anda a olhar para a beleza e os significados entre os destroços espirituais que encontra jogados pelo chão. E  sentada na janela aberta (às quatro da manhã), imagina como seria a queda de costas do segundo andar. Tipo poesia, mas que se desintegra em inverdades para qualquer um que já tenha sido impulsionado pela bondade forte e amarga de um amigo, ou sobre alegrias amplificadas por uma estranha disposição em frente à crise.

Se tira força e algum sorriso é mais por mania do que por alegrias que encontra. Provavelmente você não estava muito bem quando me escreveu, sempre a olhar os prós e contras, atrás de melhores sonhos. Não faz sentido ir contra atrasos e obstruções em inspirações mais sutis. Ventos de boa sorte irão soprar em sua vida em breve, dizem as cartas (onde há uma mulher nua ajoelhada à margem de um rio) e o curso da sua vida cotidiana se tornará menos conturbado.

Uma onda de introspecção, que merece cigarros miúdos. Muitos.

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Ivana Almeida

 

 

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