Lá vai o alarme. Boca seca. Corre até a cozinha, vento frio. Um copo d’água, pequeno. Dois. Vento no corpo nu, ousadia. Eu estou focada agora, sei o que está acontecendo nos meus pensamentos, sim. Pouco sono, muita pele. A luz de manhãzinha, brilhante em cima das unhas mal cortadas, mesmo com alguns venenos que estão na circulação (ainda). Lentamente. Gosto de infância. Alegria do café. Mais do que se já se viu, mais do que poderia. Sentido da resistência da carne. Essa lentidão é seu charme, uma sobrevida pra épocas de muitas cobranças. Exigência de doçura no agir. Foda-se, eu preciso de um pouco mais de espaço-luz para respirar.
Sabe que pode agora andar leve nas pontas dos pés, mas dá pequenos saltos para aquecer-se. As chaves estão na bolsa, soltas e misturadas com toda espécie de quinquilharias, impossibilitadas de agirem. Ali naquela bagunça existem grandes verdades e uma delas é que às vezes o medo nos paralisa. E a auto sobrevivência nos move. Algumas mentiras boas de se ouvir e vem o diabo, dançando e se exibindo ao redor e logo cedo deseja um uísque para cada fantasma.
Ela requebra-se e respira, e isso te rasga
Ela morde e sangra em secura
E este deserto se transforma em oceano sobre…
Coisa de tola que não quer mais alimentar esse deserto, que a tudo insiste queimar de dentro pra fora. Vê e acredita na extremidade quase inoperante do amanhecer, um pouco de cura. Aqueles que tendem a ser aborrecidos, pesados e pré-ocupados com coisas de poder, qualquer poder, estão impacientes. Pouca compreensão intelectual mesmo de assuntos que os concernem mais de perto.
Sente uma leveza que trisca suas bochechas e sente que é devido ao instinto, à imitação da natureza. Faltou iniciativa em muitos momentos. Seu fogo é o fogo queimando do processo de crescimento.
Pensa em não faltar mais. Pensa em caminhos novos.