Eu vivi nesse lugar onde o verão é quente mas as noites são frescas, em outros tempos. Por lá se anda de coração apertado de um amor suficiente e cheio de cores vibrantes, luz estourada. E você está tendo sérias dúvidas sobre movimentos que você nem conhece e a resistência começa em seu coração. Quando a gente liga o telefone, notícias, opiniões… quando a gente entra em contato com o assalto diário do presidente sobre a nossa compaixão, sobre o nosso bem… a razão e o bom senso básico vem dando lugar ao medo e à raiva.
Vivendo nas ruas dizendo que se poderá viver grande um dia, talvez amanhã. É apenas uma vida que você não pode acreditar, é apenas uma vida que você não pode pedir. É apenas uma vida. A ameaça de que o sangue pare de circular, que falte oxigênio, é constante. Encontrar uma maneira de se fazer o que se pode, com suas próprias habilidades, em sua própria comunidade, estender a mão… Você vai ter muitas ideias brilhantes, ele disse.
A luta para se levantar das manchetes e entrar em ação é tão real e tão estranha como as maquinações de um órgão de dez onças encarregado de manter vivo todo o seu corpo humano.
O grande desafio desta era surreal em que vivemos agora é, em seu centro, no seu canto, uma pergunta feita pelos muros: Quanto você pode amar? Bem, muitos não estão começando nessa estrada e com certeza não estão fingindo, mas agora, quando ouço, faço movimentos circulares com os dedos, pensando na tola esperança. E mais ainda na necessidade da desistência dessa esperança. Você vai ter mais fé em seus valores e a realidade vai mostrar que você está no caminho certo. Porque o lugar bom de se viver não é nesse mundo branco.
Darcy Padilla, From series Julie, 1993/ 2010