A coisa surpreendente é que, apesar de tudo… o espírito nosso de cada dia ainda consegue sobreviver para ficar forte. Que apesar de tudo, sentir ainda é melhor que anestesiar. Às vezes, penso que acabo por me dividir pequenas partes e lançando-as às pessoas que conheço, sinto-me menos só. O que mais gosto e admiro em você é essa delicada mistura de algo requintado, perfeito, pensado, cuidado com a alegria de uma gargalhada das bobeiras da vida. Eu entendo que às vezes a forma como eu não falo são meio estranhas mesmo. E acabou que um dia não te reconheci mais. Talvez também tenha sido desconhecida naquele dia. Alguns lugares de alma minha que eu gostaria de dividir nunca são divididos, talvez nunca serão. Tome os chazinhos todos, sim? As fotografias eram feitas assim, veja bem, com a calma e a imprevisibilidade da espera, com surpresa. Tirava muitas naquele tempo, naqueles dias. E algumas tinham queimado, porque o rebobinador da câmera estava meio enguiçado. É que não aprendemos as pessoas o suficiente, não alcançamos os motivos das pessoas o suficiente, mas é fato que sempre irão embora, é o normal, vida dura essa. Mas que é difícil acostumar com o normal é. E quando penso que tudo se acalmou por aqui, vem mais tempestades (a vida é dura mesmo, repete). O simples fato de doar e irradiar afeto lhe será suficiente para a cura, para perceber que é a alegria que brota quando percebemos tudo o que somos. Coisas pequenas ficam intransponíveis, é o processo da vida. Aguenta, é isso aí mesmo o viver (como disse aquele moço da televisão). Está tudo bem por aí? Não, não está. Provavelmente, não seja percebido o tanto que os espaços foram abertos e conquistados, ou o tanto que tudo estava ali arrumado para você.
O silêncio é não-mágoa agora. Talvez nunca mais, talvez nunca mais me abra o tanto que me abri. Porque a vida é dura e somos solidão e silêncio e isolamento e apenas querência. Queria me atrever a perturbar seu universo, mas não mais. Não mais. Porque não se incomoda universos paralelos, porque não se incomoda. Porque os buracos quânticos não voltam no tempo, porque, no fundo, não havia vontade de passar pelas durezas da vida. Pelo menos não aqui.
Queria tanto um abraço seu agora. Queria tanto poesia. O que não se tem é um alguém para confessar alguns furacões.
que coisa não? esse texto foi surpreendentemente escrito no dia do meu aniversário. Vc repostou ele há pouco tempo… quando eu li e vi a data senti meu coração parar e por alguns segundos que pareceram horas, perdi o ar. Ler Morrendo Segredos é como ler um Livro de Revelações. Ler o que você escreve, todos os dias, é como procurar pedacinhos seus no hiperespaço. E as vezes eu acho… e guardo.
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