Eu estava em casa na cama quando acordei no meio da noite, tudo pulava por todo o lugar, sentia que a casa estava caindo aos pedaços. À distância, quase pude ouvir loucas sirenes, como no fim do mundo, sirenes e pessoas a gritar em um megafone. “Não deixem suas casas!”
Tenho certeza de que foi um vislumbre de quando o mundo irá acabar. Qual dos mundos, amor? Alguns acabam outros ficam de pé. Você anda por aí com um rasgão no ombro, dolorida. Sempre sinto que o passado informa o que acontece no presente e, simplesmente, não sabia como iria acabar aquele entorpecimento dos sentidos porque eu estava escrevendo e minha garganta estava seca. Todas essas letras malditas insistem. Hora ou outra aparecem vizinhos para conversar, esticando a verdade para torná-la engraçada ou algo assim, mas no final, sempre preciso me sentir real.
Não venha com a expectativa de vencer um embate. Círculos afetivos são quinze, distância correta.
Eu sempre tento tirar as coisas do lugar, porque de vez em quando se perde a cabeça. Uma espécie de abandono, uma espécie de ausência. Quando existe esse vazio, penso que a beleza do interior se destaca. Não, não penso. Mas desejo, espero, torço, apertando os dedos das mãos em pequenos nós até doerem as articulações. E então os lábios ficam mudos. Mas os olhos são de longe a chave, aguados, sem foco para perto. Fome.
Para alguma sobrevida pode-se pensar no absurdo do universo. Poderia ser um bom aspecto. Talvez queira alguma outra coisa boa, dormir e conseguir descansar.