Tinha bons modos, falava bem, caminhava bonito.
Sabia usar da gentileza como forma de sobrevivência social, charme pessoal. Era realmente um encanto, queriam estar perto. Essa impressão se desfaz nos detalhes. Com um pouco mais de convivência, um pouco só estando perto, o carisma se torna caricato. Mas prega uma bonita versão de si mesmo, em alto e bom som.
Observo os gestos, a impaciência no olhar, a respiração presa por segundos para recuperar o fôlego até acabar em uma risada nervosa alta, naquela tentativa de embaçar sua pessoa. Uma doce vingança, você me vê, me deseja pelo meu sorriso ininterrupto e pela poesia que faço – mas você não me tem.
Duas águas pra mim nessa noite e estou tranquilo – diz.
Marie Amar
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