Essa saudade estranha que toma conta ao pensar o feliz daqueles tempos em que nada do que hoje te atormenta contava, de que nada demais precisava, que tudo estaria disponível no bem querer e que o futuro te reservaria grandes coisas. Com uma certeza primitiva, uma faceta escura, porque agora percebe o limite e o tormento. Pois bem, os olhares e ouvidos atentos lançados sobre tua forma de existência e que te medem com tanta certeza, que se espera que não sofra tanto quanto os donos e donas desses olhares. As almas humanas têm essa certeza de haver algo que puxa para baixo, algo que decai. E numa autêntica passagem da ação para o pensamento (do pensamento para a ação) com a mesma intensidade, há também a certeza de haver algo que puxa para cima, algo que eleva. Essa saudade. Um e outro (subida e descida) se entrelaçam e criam uma tensão insuportável, irrespirável! Através dessa tensão o elevado decai um pouco, o decadente se eleva outro tanto. Dizem que deve-se transitar pelas duas condições sem julgar, ambas são necessárias, ambas existem e são reais. Nem compara nem rejeita, simplesmente transita livremente por tudo, e se te chamarem de incoerente e contraditório, tente abrir um sorriso.