Era quase inverno, mas mesmo no quase, ainda não era, e o processo construtivo, a concentração e o esforço diários… mas ela congelava. Tanto que seus ossos doíam, principalmente seu pescoço e ombros, na esperança de que o tensionamento e o nervoso aquecessem. De alguma forma isso a pesava, a mantinha na mesma posição, imóvel, endurecida, consistente. A imagem mostra como ossos podem pesar no dentro da carne, como chumbo (chumbo: à temperatura ambiente, o chumbo encontra-se no estado sólido). Aí fica imóvel. Grave. Séria. Qualidade invisível e não se tem controle sobre ele. Muitas vezes provocando uma resposta social. Sempre significando alguém com o peso da existência. Então, num repente de atividade, se movimentava freneticamente (acessível em todas as suas formas) para produzir algum calor. A busca (cruel) pelo etéreo… Ela só queria o gostoso, o quentinho.
Não presta pra comédia. Podia ter gosto de cereja pelo menos.