Simplesmente não lembrava de um mundo sem distinções, exato. Sempre aquela relatividade insuportável, com transições entre as vidas e as mortes quase fantasmagóricas.
Eis que em uma vida pequena tudo faz sentido leve, como em outra vez existia em uma vida quase plena com cadência e claro movimento. Desconstrução como a de uma dose de cachaça no final da tarde, na janela de casa (como se fosse morrer naquele momento, mas não queria morrer) onde a tudo se pertence. ‘Achei que não sairia viva’ e agora haverá de conviver com a quase não sobrevivência e prosseguir acreditando nos bons corações – mesmo rodeada de situações-ódio.
Pegou um megafone e gritou, berrou, trabalhada na voz, no discurso, clamou pela humanidade, pela beleza. Tudo dependia da nossa capacidade de prestar atenção. Lutar com o destino que é contra a nossa vontade, e não quer e não vai se render. As palavras escorriam, usadas e já sabidas. Como se construir esperanças sobre bases de vergonha e sordidez? Saber, já se sabe. O que fazer com o que já se sabe? E não se soube também em qual momento explodiu uma pequena e quieta batalha dentro do seu peito, alheio à sabedoria e às bençãos desse mundo. Só pensava nas manipulações de sons e sentidos. Aliviar o sofrimento.
