Disseram que eu não existia e colocaram um colar em mim, mais uma vez. De onde estou só vejo pernas, com calças, com meias, com joelhos. O amor, dizia, é complicante. You are getting old. Só queria envelhecer como se não estivesse envelhecendo, com a vontade de colecionar rugas imaginárias. O dia promete ser de lutas, todas. Interessa a tudo. Eu não posso falar por ninguém, mas para mim que sempre fui muito mais um ali, no nada, a fazer nada, era abismo. Coloquei pausa no sabão pra escrever. Porque diabos as pessoas são tão más? Inseguras tentando não ser, fingindo não ser, porque era importante aparentar-se inteiro. A maldade vinha de mão dada com isso. Mas a maldade era ensinada de pai pra filhos, no final tinham uma família má, exceto as crianças enquanto crianças. Ele disse que gostava de bater. Eu nunca bati! Ele serviu e serviu e serviu-se. Entornou duas vezes. Era bonito. Queria piscar normalmente, mas piscava lento, e saíam águas dos olhos. Infalível castigo. E a verdade da questão é que estamos em um mundo muito, muito acelerado e para a forma de bem estar desejando um ritmo mais lento parecia não fazer sentido. Mal se apercebeu eram mais de duas da manhã. Os caixotes batiam, pensei em pular da janela. Seria facinho dali. Porque então não seria muito relevante para os tempos que nós… Não queria mais coturnos, pesam e penam a caminhada. A vida tornada interessante submete a uma lógica que você não controla, já que duas ou três coisas são muito mais importantes do que o que você sabe. O amor foi apertado cheio de abraços. E os dedos tinham estrelas.

 

 

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