Tranquilizar a imaginação enquanto toma café com bolachas, diz seu horóscopo do dia.
O gesto de “fechar os olhos e tocar o nariz” tornou-se um pequeno ritual em dias de crises (essa habilidade aumenta com da prática) – como forma de lembrar que tem um corpo – rapidamente se estende para o pescoço, ombros, braços. (Suspiro). Interrompe os toques que já são arrepios e sente sede. É um teste para os sentidos. Estão todos aí, prontos, mostrando seu corpo como realmente é. Este meneio lhe dá a capacidade de dizer onde suas partes do corpo estão, em relação a outras, e espera alcançar o ápice quando conseguir perceber onde estão em relação à sua alma.
É uma sobrecarga nos músculos.
Relaxa e tensiona (como quando se encosta em alguém que deixa sua pele como que dirigindo bêbada). Ser – migo comigo mesma. Este sentido é usado o tempo todo em pequenas formas, como quando você coça seu pé sem olhar para ele: nem para sua mão em relação ao seu pé.
E não há um libertino, que esteja um pouco dentro do vício do corpo, que não saiba quanto o desejo tem de poder sobre os sentidos…
Hoje nos meus sonhos voei, com seios nus, passeando entre as nuvens brancas gigantes. É a angústia do sagrado, o temor diante da eternidade. Solidão. Segui com medo até o encontro com as já dissipadas nuvens em forma de neblina, deleitando-me no espaço esbranquiçado, como se tudo até então não importasse tanto. São poucos os dias em que alguém pode sentir-se antecipadamente alegre e vívido por apenas estar ali, em um segundo – apenas um segundo. Senti o corpo novamente em aceleração, acariciado.
Então o céu desmanchou-se em um banho sobre meu corpo (já nu). Sigo buscando delicadezas.
Cédric Delsaux, From series 1784, date unknown