Desde que o conheci ele está de mudança. Mudança de estado civil, de casa, de trabalho, de pele. Ele me contou que precisava mudar, que sentia que sua morada não era ali naquele apartamento. Tempos diferentes, o que envelhece a alma e o que passam dias. E quando os tempos se afinaram, ele foi. Pra roça ele foi. Sem água, sem muro, com patos, gansos, cachorros, monte de gente. É engraçado, que quando a gente sente a gente sente. Conheci-o endurecido por tantas regras, modos de fazer e usar. Hoje é a pessoa mais acostumada com a transição que conheço. E para isso ele precisou de silêncio, velas flutuantes, cartas coringa, ouvindo o relógio da matriz, que bate de meia em meia hora, só de vez em quando.
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