Aninha era uma mulher de 34 anos alta e bonita, de cabelos castanhos e lisos quase sempre presos em um rabo de cavalo, unhas compridas e bem cuidadas. Seu ar melancólico não combinava com aguçado olfato, uma de suas especialidades. Mas a grande qualidade de A., que nem se nota à primeira vista, era sua capacidade de compor sínteses, justamente daquilo que não havíamos parado pra pensar. A raiz irritante desse seu comportamento é justamente o preciso de suas críticas. E era debochada, ria das reações tanto quanto de si mesma. Hoje percebo que tinha me esquecido o que era isso: ser precisa e risonha.
A névoa começa a baixar e as subidas e os muitos tropeços ficam mais divertidos no terreno das risadas. Poderia ser uma boa ideia a experiência… que buscava sobre o se sentir. Somente sentir. E largar a mão de ser besta.
Dentro da necessidade de viver/amar/foder (eu vivi tanta coisa com outras pessoas que eu gostaria de ter vivido contigo) é castigar o tempo apaixonado pelo mesmo ser (novamente). É estar fora do envelope. Como é bom sair da casinha com os pés no chão, cabeça nas alturas! Buscar aquilo que está do outro lado porque falar é barato, mas é incômodo. A. me lembra que é lindo ser mais colorida – vertiginosa. No mês passado, o mês de ‘abril se encontrou com setembro’ talvez pense no que vai dizer antes de… de… um gosto esquisito, mas de certo modo tem oportunidade de uma comunicação sincera e fluida. Bom. Abrir a boca e lamber e sorver e chupar.
Além disso existia a distância e (…) mas ela terá a coragem de levar sua história adiante até o fim. Ela conta que está ali há três semanas, sozinha, entre idas e vindas – Agora eu estou bem. Sozinha, dentro dessa perspectiva monogâmica mundana. Só queria esquecer aquilo tudo, ela diz. E eu ouço. E faz frio.