Reagir a cada frame

Até que nosso coração insista em ter nossa mente conduzida, o que por muitas vezes não nos impede de cair no que distingue a textura de cada imagem de um sonho proposto,  nos arriscamos. Nosso cálido branco recém limpo da parede contrastava com o azul de fora da esquadria numa impressionante força para o alívio e calma.

O pulmão com uma boa carga de fumaças devidamente apreciadas reage aliviado quando você pega um conflito e tenta extrair dele visões românticas a partir de músicas, com uma persistência de buda,  até que nossas glândulas lacrimais estejam reagindo a cada frame.

Age por trás do olho, perfumando, prestando atenção na continuidade de cada pedacinho de tempo como se carregasse no corpo os olhares que eles proporcionam. A trilha sonora inventamos o tempo todo sem saber. Sempre existe, com ou sem música de fundo. Parece que o banho é aquilo mesmo que lhe limpa, refresca e cheira. E, do jeito que surge, um processo de construção cinematográfica da vida recebe cuidado e carinho. Eu deixo a comoção em torno de mim nestes dias diminuírem um pouco antes que eu derreta. Como uma menina boba caminho levinho por aí.

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Delicadeza

Uma mente agitada faz um travesseiro inquieto, pensando no amor: corpos e palavras. E cada segundo de lucidez é quente. No fundo sabendo que o outro lado da ansiedade é a liberdade, simples assim, decidiram namorar, que outro nome poderia ter aquele encontro que se estendia por vários outros? O de dentro e o de fora, pensava enquanto observava seu corpo, suas articulações, o desenho do pé, das unhas. Observava minuciosamente, de ângulos diferentes, sempre de forma furtiva e deliciosa. Guardava esses tesouros invisíveis e de quando em quando perguntava-se se era isso mesmo. Se era assim que acontecia. O de dentro e o de fora. Ouvia as palavras, ouvia seu corpo, comia tudo, insaciável que estava dele. Queria se iluminar, e sorver.

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