De fato, ela tinha razão. Esse seu amigo a pegou pela mão e ali percebeu que talvez nunca sentiria tanto tesão por outro toque. Seguia por aquele corredor escuro e gélido acompanhada (pela primeira vez) e como uma forma de sensibilizar a pele uma ligeira umidade se concentrou na sua nuca, e ali desejou que suas mãos ainda estivessem secas e não-trêmulas. Suspira, enquanto sente seu corpo ficando erógeno da cabeça aos pés, e na tentativa de prolongar o corredor e os arrepios, anda devagar e para como se dissesse: chegou a nossa hora. Ela não queria nada mais que isso. Tudo parecia parado demais, ausente. E essa lisura da pele lhe dizia mais uma vez que estava mortalmente apaixonada. Com um pequeno solavanco o casal prossegue a caminhada, agora ritmada. O corredor já estava acabando e via a distância a ser percorrida (juntos) inexistir. Aperta levemente os dedos agarrando aquela palma de mão sentindo um bem-estar inusitado que apontava para o desfecho. Um minúsculo aceno. Pega o espelho na bolsa, e tem medo de não encontrar a mesma cara de antes.