É um encantamento estar longe de onde há o perigo e da última coisa que você se lembra (uma briga). Lá vigora também aquilo que salva à auto compreensão de nossa própria condição como seres humanos assolados pela incerteza (olhos vendados). Arrisca transformar-se em pesadelo autodestrutivo – a ambiguidade é preferível à clareza e à simplicidade. O ônibus sacolejando sobre um talco vermelho, assemelhando a paisagem a filtros vintage que encontramos por aí – alimentando tipos específicos de ilusão, uma memória que pertence a todos. Não restou sonho de liberdade possível, técnica que equaciona urgência com pressa, por si mesmo emergencial. A mudança resulta de uma instrumentalização da necessidade de uma postura mais racional que não se desloque da ação.
É lento. Nada parecido com o ativismo frenético e o falatório vazio a fim de consolidar e estender sua ideia original. Ideais ainda imaturos. Começa a notar que coisas insólitas estão acontecendo com ela e, pior, está fazendo coisas estranhas e irreconhecíveis. O movimento cessa, a poeira invade as janelas e tudo fica coberto com uma fina camada que seca a garganta e fere os lábios. Abre a bolsa e entrega uma moeda dobrada ao meio – enfrentar um livre fluxo do pensamento.
É claro que você terá de criar o vilão – lembrou.
William Klein, Serge Gainsbourg, (album cover of Love on the Beat)
Tão fotográfico…
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