Sobre amores

Talvez dez segundos se passaram antes que eu observe os dois irmãos por trás da cabine, segurando o riso e sorrisos como se eles guardassem um grande mistério. Me viram e rapidamente desviaram o olhar celebrando a ciência e seus segredos guardados a quatro mãos. 

A Lua intensificando sentimentos, pensamentos e a intuição (alegria, abundância e amor). Murchei com a mansidão do dia. Ao lado uma velhinha ganhou uma flor para colocar no cabelo. Ela ria, pensava bobagens, certamente. Nós usamos as histórias de nossas vidas – às vezes até mais profundamente, através da membrana mais interna, física mesmo, que te separa do mundo.

Faziam anos que não o via, a gente se gosta né, o carinho transborda. Sentem-se como sempre. Você está linda! Sempre assim que começavam, aquela prosa solta, boa. Mas eu envelheci. Mas isso não é ruim, é a pele que é diferente na forma como estamos com nossos próprios ossos. É bom. Olho para ele e o admiro, sempre o admirei. Uma fortaleza. 

Você é a aquela pessoa que se pode falar sobre a sombra de uma nuvem, sobre a canção de um pensamento, sobre arte, sobre as micropolíticas nossas de todo dia. Mas conversamos mesmo sobre a pele – esticada, sensível, enlouquecida. Os amores estão longe, uma pena, só mais uns dias. E a Madame nos calou. Estávamos diferentes, estávamos bem. E bonitos até não poder mais. 

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Não tão incrível assim

Não perceberia sua própria loucura?  A falta que deveria cobrir era grande demais. A irritação foi tomando conta, não haveria como ser responsável por tamanha carência, tamanho apego, onde não haveria de ser. Diz o texto impecável demais, preciso e tranquilo, como um desabafo, com eloquência e sinceridade. Pra ser amigo tem que comer um kilo de sal com a pessoa, dizem. E veio o sufocamento, ou pela angústia, ou pela necessidade de recolhimento seguidamente desrespeitada e imaculada. Será que perceberia o peso de sua mão na garganta, a força, os hematomas (que ela achava que já tinham saído) …  E é hora de largar. Uma forma corajosa de educação que aceita as tentativas e os erros como parte do processo. De certo modo essa incompreensão gerou um desamor. Um ciclo de vida, que vai, se abre, se fala, se come, e tem por isso suas maiores fraquezas diante do outro. Antes tivesse ficado calada, quem sabe assim não sentiria o que veio a seguir. Haveria como voltar atrás, sem perdas e danos, tentava. O seu feminino clama por ser também cuidado.

 

 

A única opção é dar a cara pra bater. Uma descoberta.

 

 

 

 

 

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