Sobreposição dos tempos

Admirava capacidade de alguns de acumular energia quando submetidos ao estresse.  A procura por reviver o passado talvez de forma diferente persegue, em um apego incontrolável. Minhas crenças nesse momento não importam, embora a resposta cortante tenha marcado. Agiu de uma maneira muito simplista para reduzir a questão.

Há profundas aspirações que temos que podem nutrir nossa vida ou envenená-la. Numa forma quase natural de ser refém de si mesmo – uma força cega numa motivação ampla e justa é comum. Duas ou três posturas altamente semelhantes e ao mesmo tempo díspares. Podemos fazer muito mais do que somente usar as ferramentas que conhecemos (cozinhar à distância).

Um nó imaginário em torno do seu pescoço ajuda a fornecer insights de vida. (Quando isso a fez entender  que o fato deixou de fazer diferença?) Por que tanto apego à existência se sequer sabemos o que fazer com nossas vidas?

Acho que vou procurar um bom vinil pra escutar.

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Nó teórico

Ser alguém contida ameniza obrigação comportamental relaxando e tranquilizando o corpo, de forma mais profunda a cada vez. A estética padronizada desumaniza as curvas e tenta-se entender onde a feminilidade reside, ou pelo menos a sua própria. A mudança vem também pela violência, pela ruptura que ela pode exercer, pelos rasgos. O encontro com o outro era uma habilidade adquirida que apesar de simples, não era uma prática diária. A necessidade de manter coisas e assuntos esquecidos era contra aquilo que acreditava: falar era uma busca pelo real, belo e verdadeiro. É totalmente possível que outra pessoa nos entenda muito mais do que nós mesmos. Observava bem de perto e desiste de ver, se recusa, mesmo não sendo uma condição involuntária.

Revelar muito sobre você pode confundir mais que esclarecer.

 

Ahn, se pelo menos conseguisse não dispersar tanto. Se pelo menos conseguisse não se preocupar tanto.

 

 

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It’s ok thinking about ending…

E teve aquela que ficou 8 anos sem dar pro marido porque ele a destratava. E escolheu, você não encosta mais a mão em mim – ela não entendia porque ele a amava no sexo e não no dia a dia. E ele teve um caso, cinco anos, e ela foi humilhada. Mas contou que virou a mesa, quebrou pratos, berrou verdades, e que a partir dali ele fez tudo o que ela quis. Contou isso alto, berrando, fazendo todas em volta rirem. Em um casamento de num sei quantos anos metade foram sem sexo, com traição, com desgosto.  E teve aquela que se julgava boa esposa, que já tinha aproveitado a vida de solteira e que agora o casamento era algo muito valioso e que valeria a pena manter. A vida dela teria pouco sentido sem o casamento e ela sabia. Depositava ali seu cotidiano, seu consumo, sua vida e lá pra si dizia que não se pode ter tudo afinal. E outra que ama um homem casado, e ama e ama. Se contenta com espaços (entre família) que eles conseguem, com o sexo nirvânico, com os doces que ganha, e ali permanece, vivendo esse amor sem futuro, evitando pensar para não estragar. Tinha momentos de lucidez, de que aquilo não estava sendo justo com ela mesma, ou do quão limitada e pequena a posição de amante, mas, silenciava sua insônia com chocolates e algumas coisas boas de comer. Aquela que se contentava em ser a última opção da noite, sempre ia pra casa com o moço, bêbados os dois, se convencia de que essa forma era uma boa forma de amar. Já que ela gostava de sexo com ele também, e queria estar acompanhada  naqueles finais de noite. Os dias que se seguiam eram de evasivas, desencontros, estupidezas, que eram engolidas no encontro seguinte. Entristecia, mas não dava ouvidos quando alguém lhe dizia que ela seria maior que isso. Ela se via exatamente daquele tamanho e naquele lugar. Ela não era feliz. E tinha aquela, a mais triste de todas, que era muito politizada, cheia de palavras e discursos, de posturas e composturas. Viveu um relacionamento abusivo durante sete anos e fazia exatamente o contrário que suas palavras diziam. Mas ela pouco sabia disso, afinal, era uma equação difícil de se resolver, como ser mãe, esposa, dona de casa, profissional sem ser submissa. Ela simplesmente não entendia como isso se dava na prática. Costumava fazer tudo o que podia para que o outro gostasse dela. Ela sentia que ele desgostou da vida com ela quando ela engravidou, mas ela insistia, porque mais importante que ela estar bem era estar casada. Ela se sentia diminuída por ter desistido da profissão, sua auto estima foi se estilhaçando. Tinha aquela outra que se agarrava nos ciúmes, e por isso se submetia às vontades de controle do outro como uma troca justa. E tinha aquela que achava que era pra ser assim mesmo. Um ou outro tanto faz, são todos iguais e ficar sozinha é o demônio.
Traições, tensões, maus tratos, insultos, mentiras.
E ainda tinha gente que defendia que casamento era assim mesmo.
E ‘ele’ se aproveitava da fragilidade ‘dela’, aproveitava muito, porque ela foi criada pra ser assim. E ele também. Nem tudo o que a gente aprendeu é pra ser. Não é porque as coisas sempre foram que devam continuar.
It’s ok thinking about ending all this shit.
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Mona Kuhn, Lyric, 2012

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