Não damos nascimentos de liberdade

A intenção era dar um nascimento elevado aos pensamentos, mas um pressentimento me dizia que os pensares exigem uma linearidade que é difícil. A verdade é encontrada na vida. Difícil transcrever os fatos, as coisas que vivi , entre todos os sentimentos possíveis, sem ficar absolutamente confusa. E se recortarmos, e isolarmos-os, veremos naqueles seres livres que eles não são a verdade absoluta. O sistema acusatório de crimes é dividido em três: o que é dito, o que é feito, o que é pensado. O problema que surge é gigante (ainda adormecido)  e o que fica claro quando a gente para pra pensar é que protagonizaram o episódio de forma abusiva – uns em relação aos outros. Difícil foi aceitar que cada desejo quando transformado em ato, pode trazer infelicidade e que o contentamento é impossível.

Olhamos as pessoas e as aprisionamos com nossos olhares e vontades, o conhecimento que possuímos não é verdade última e imutável.  Constata-se nesses pensamentos, sem julgá-los, a necessidade de predomínio exercido sobre outros.  Praticando o desligamento de pontos de vista sedimentados –  a fim de estar aberto a receber outros –  para que cada vez mais nos cansemos de chegar repetidas vezes à frustração.

Nós vemos que nossas relações podem ser completamente diferentes.

Houve celebração.

Fotor0620130336

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Um estopim detona a explosão

De onde veio esse sentimento ruim, esse fel?  O descontentamento enorme esparrama. Não é fácil localizar a fonte, o cerne. Surgiu dos atos agidos, dos atos desejados, dos atos ainda nem agidos? A irritação não resolverá problema algum – esse vácuo vai acumulando forças que não têm por onde se resolver, ainda que o problema exista, o caminho tomado é onde a desmoralização acontece. A desmoralização é um desnude incômodo, é se tornar pecador. A sensação de invasão é incômoda e desleal. O que foi dito e pensado era também desleal? Sim, por certo. Ainda que não em atos?  Os atos foram questionados, os atos tentaram ser – outra coisa. Foram contaminados e foram feios. Muita proposta generalista substituindo nossa vontade inicial. Um estopim detona a explosão e a(s) verdade(s) aparece. A minha verdade, a sua verdade e A verdade – como dizia aquele sábio sem cabelos.

 

Acaba que  torna você sensível às necessidades dos outros, nesse  processo mental ou espiritual de cessar o sentimento de ressentimento ou raiva contra outra pessoa ou contra si mesmo. Em termos do relacionamento entre o que perdoa e o que há pra ser perdoado. É o esquecimento completo das ofensas de modo sincero e generoso. Tampouco é motivado por orgulho ou ostentação. A gente se apega às memórias que não mudam como as pessoas podem mudar. O movimento sente-se em sintonia com a primavera, ainda que pousando no inverno.

 

Toda nudez será castigada e eu não sei se quero ser perdoada…

 

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A sobrevivência não é uma habilidade acadêmica

Quem viu, as granadas que estraçalharam dentro do peito, viu que ninguém notou o papel da discordância dentro das vidas sem examinar nossas muitas diferenças.

O que isto mostra sobre a visão é triste e não têm nada a dizer sobre existencialismo.

Pode lembrar amargamente das palavras que lhe foram roubadas ainda dentro da boca.

Elas ganham um significado que nunca tiveram.  Apenas os perímetros mais estreitos de mudança são possíveis e admissíveis. Promover a mera tolerância de diferença, procurar novos meios de ser no mundo pode gerar a coragem e o sustento para agir onde não existem alvarás.

Mas ela não era daquele jeito, restam os  conflitos na esfera do individual. Até ficar de um jeito que não era, não era assim. É do ser humano, mesmo não fazendo sentido. As mortes vêm e vão, que a luz mais bonita do ano é a do outono, repete para si como uma ladainha enquanto foi lá num armário, trouxe uma caixa de sapato cheias de palavras.

Todas continuarão guardadas – sobre o erótico, sobre cultura, feminismo, silêncio. O duro é não valer o que pensava. Exaspera em pensar que as condições que levaram ao desaparecimento por certo levarão outras ao mesmo fim.

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Fotor0605151239

Quartos abarrotados

Meu amor, existe a  ferocidade dos quartos abarrotados, impedindo de produzir algo novo, tente entender. A repetição é uma perpetuação, fico aqui comendo meus desejos e minhas verdades. Recomendam calma, pureza e amor no trato com as repetições e perpetuações alheias. É isso, não é? Portanto te informo que não ando por aí à procura de reviravoltas, apenas de bons prosseguimentos. Hei de ser perdoada, são menos de dois gloriosos anos que consegui um reencontro, diferente, melhor. Diferente do ‘fazer o que manda seu coração’ que  nos leva ao mesmo padrão (coração bobo coração bola).  A gente se ilude e espera que nos livre das altíssimas despesas de manutenção – coração, vinhos e táxi. Sim, envelheci, meu amor, e fico cada vez mais… levemente e sutilmente…

 

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Saul Leiter, Don’t Walk, 1953