Essa mulher não vai morrer

A música ambiente próspera é nenhuma surpresa. Mesmo que a voz trema, a música pode oferecer o espaço santuário da rotina diária e a fita cassete ajuda a criar uma conexão física entre a música e o coração. Enquanto escuta o pulmão se enche de ar. A vida inteira é algo tão absurdo em nosso mundo pragmático, que normalmente é feita por aqueles determinados a viver em outro lugar, dito superior.

Mas não sou a mulher que vai morrer.

Assim, quando se trata desses rótulos discretos, etiquetas de fita, carimbos, tags, a gente carrega-os na testa. Dizem que quanto mais melhor. Não é bem assim, mesmo sendo a mulher que não irá morrer, não se tem garantias. Porque quanto mais cheios de intimidade, menos espaço para respirar e dizer, já que a fala tem menos valor social, e é constantemente relativizada, desvalorizada, caçoada… ‘Você fala demais, seu papo é meio chato, você é meio brava, né? Ahn, você também fala isso? Você deve ter lido isso em algum lugar, hahahahaha, não ligue, sou assim mesmo, faço graça de tudo, eu até ensino mulheres como se portar… se você relaxasse seria mais feliz. Mas foi você quem não entendeu o que eu disse, sempre assim, distorcem o que fazemos. Essa patrulha… já disse que você seria mais feliz se relaxasse? Porque a gente sabe o tanto e o como você deveria se sentir e se for revoltar, por favor, dentro de uma certa civilidade não é? Pelo menos isso. Nenhuma braveza é justificada, você gosta de brigar, né? Uma gracinha você alteradinha… porque a minha visão de fora do que acontece a você é suficiente e é precisa. Eu sei, você não poderia, porque azeda’. Às vezes a ficha custa a cair.

I don’t need to justify.

Ao menos os momentos mais particulares com a fitinha cassete nas mãos eram a escolha mais estressante entre o lado A ou B. Hoje, hoje e amanhã, não quero fazer força pra falar, pra ser ouvida ou pra ser levada à sério. Mesmo não sendo a mulher que vai morrer. Mesmo não sendo a mulher do fim do mundo. Ou a mulher com olhos roxos. Com um novo rótulo vem um novo som, determinado a mantê-la como livre, até guerreira se bobear. Se for possível. Não se canse nunca, mesmo que você não seja a mulher que vai morrer.

O lado A começa em território familiar: acordes pesados definem o tom e se espalham como tremores secundários na distância… o gosto ruim na pele, o cansaço, e as lágrimas que insistem a cair. Nem chegamos ao lado B.

Talvez não seja para o amor, embora não seja a mulher que vai morrer.

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Ben Morris

O homem com a criança em seus olhos

Ele está aqui! Ele está aqui! Antes de ir dormir e viver o sonho, percebo que ele estará lá quando desligar a luz. É que ele estava pra lá, perdido em algum horizonte… E foi que lá pelas tantas, esse homem que eu não havia conhecido antes, estava me contando sobre o mar, todo o seu amor, sobre vinhos e charutos e até sobre a eternidade. Era pra ficar até tarde mas a gente é de acordar cedo. Senti-o hesitar. Pode-se ler pensamentos: “não, não, isso não vai durar para sempre…  aqui estou eu de novo, minha menina, pensando no que estou fazendo aqui.”

A política é a base, na base, no campo. A alegria está em compartilhar conhecimento pois tenho algo que vai colocar as coisas no fogo, assim que tem sido. Diga-me do que você gosta (não tenho tempo, não, não tenho tempo). Talvez quisesse que houvessem 48 horas a cada dia, porque há um buraco na história, derrota, trabalho a se fazer. Inesperado, para lembrar-lhe do que aconteceu. Sinal de quem passou por maus bocados. Mas essa daqui, mantenha para si mesmo. Há algo que não vi. Eu sei a maneira de olhar, porque há espécies que são extintas todos os anos, e outras descobertas. Diga-me você! Por trás os sangues estão fervendo, o embrulho no estômago está presente. Mas escolhe-se, ali, nos pés descalços, viver o riso, a bebice, a partilha.

Pois que agora tento viver em paz com meu passado e não me culpar tanto pelas coisas que não consegui. Porque o diabo sai em sua voz quando você começa a rir, pois que as boas noites de sono tem dois despertares. E de madrugada quase manhã tem café. Você achava que iria passar sem se perceber?

 

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Gilbert Garcin, Les prairies ne sont pas plus vertes (The prairies are not greener), 2010

Obviedades

Li sua carta imensa, senti a tristeza de uma porta cerrada. Vaga, perdendo-se em exigências, sem visão. Apego ao abstrato, à curva, ao nó. O olhar, sentia-o. O frio chumbava as atitudes mais excêntricas e corajosas. O frio acovarda. Refletir. A facilidade cansa, banaliza qualquer manifesto interior. Sinto a falta de doçura do gesto, compaixão no rosto liso e iluminado, suor, reflexo. Uma pausa no caminho, fome, sede e coceiras nos pés. Deixa ali o papel, largado, como uma arma que acabara de ser disparada. Conhecemos pessoas interessantes pelo caminho. É cansativo ser tratada como não-pensante, daquela maneira condescendente, sem alegria, com discurso impositivo. É cansativo ter que explicar porque sente isso, dizer que isso é legítimo, explicar obviedades. Entristece, porque a batalha nunca acaba, e sempre é perdida. A beleza é o agir, o quanto se consegue provocar transformações.

Sai dali sem rumo e senta em um boteco. Queria contos eróticos, música que aperte as coxas. Uma relativa afirmação como um trampolim para uma reflexão mais ampla. Pede aquela cachacinha estabelece a atmosfera ali na mesa da esquina. Quando se senta no canto tem proteção, vemos quem se aproxima e afirmamos que sim, queremos beber sozinhas. Mas a verdade é que é um saco. (Você não tem humor! Se está sozinha qual o problema de se interromper? Tem mulheres que fazem isso pra chamar a atenção, sabia? Graças a você que reclama a vida fica mais sem graça, pesada. Vê problema em tudo, que chatice. Sempre foi assim, porque o espanto. Mas eu? Nunca! Se eu faço você é capaz de entender-me, claro. Se não, eu te explico, vem cá, te explico como agir. Eu. O que sente, não… Eu explico como você deve agir e como você deve responder a isso. Paciência, alegria, disposição. Sempre. Se não você é chata. Dá pra todos e não pra mim).

O outro ri. Já deveria ter se acostumado a dizerem como agir. Não. Irá sempre se afastar disso, não suporta mais ouvir, existirão outros bares, outras esquinas, outras solidões. Sobre nossas atitudes confusas em relação a beleza e o contato com o outro… Para transcender a definição social comum de beleza como ‘uma alegria dos sentidos’ busca a noção das filosofias para multiplicar a noção, para permitir tipos de beleza, belezas, com adjetivos.

Do outro lado, o relento.

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Jean Dieuzaide

Então você tem que me amar

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Eu tenho o seu nome e seu número, você parece um pouco surpreso… Talvez seja porque eu posso ser, você sabe, frio como o gelo. Em situações de dias quentes sempre quero vir. E se eu ver você saindo, seguro-te antes que chegue à porta. Eu vou te dizer uma coisa, você é melhor que o inexato agreste. Eu vejo o futuro (eu ouço os mortos). Nele, eles tentarão matar o seu estilo, destruirão a sua forma e desacreditarão seus motivos. Eu vi a maneira que acontecerá, pois te atacarão onde tu é mais frágil. Atacarão tua honra, tua integridade e chegará a duvidar dos próprios pensamentos. Então decore meu número, é por isso que eu tenho um telefone. Me ligue depois que escurecer. Me ligue.

Posso fazer o sol levantar-se diariamente bem acima de seus desencantos de pintura de paisagem. Estarei na primeira fila mais tarde, quando sua…

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Sua fé

Dia lindo… Eu realmente nunca o pensei como um complexo, como alguém que fosse realmente difícil de se entender. Para tentar atirar-me, para dirigir pensamentos, teria menos tempo de olhar com calma para a estrutura das coisas. Algumas das pedras que eu poderia possivelmente dizer, serão distorcidas, e verei que eles não puderam levar sonhos e aspirações não realizados, nem algum do seu orgulho de distância. Mas o coração pedia repouso e ensina a temer o futuro. Obviamente estas são pessoas que simplesmente não têm o espírito.

Não desista (espíritos dizem não desista). Sim, é hora de parar, se eu cair, já tem  tempo suficiente.  A melhor maneira de explicar isso é contar simplesmente porque eu estava olhando para o lado de fora, e a verdade é que eu era a única. Então, tendo bloqueada qualquer análise, encontrei-me presa a uma espécie de paralisia… E algo estava chamando, alguns prazeres, alguns descansos, alguma calmaria. E quase não ouvi. Mas passei muito tempo sendo abençoada pelos espíritos, ou se o sonho que eu vivia era esse.

Mantenha-se, disse. Para que pudesse viver o ‘isolar’ com algum mérito,  em algum lugar fora, ou para o lado…  e continuar a lidar com todas as possíveis amizades vigilantes, com algum sentimentalismo que apodrece o que viria de bom. Porque o calor que eu queria gerar tão bem tinha se transformado em um inferno congelado. E as injustiças desencorajaram os dedos. E então eu ouvi [eu ouvi]. Não há nenhuma maneira dentro da noite que irá mudar sua vida. E esta não é a conversa de alguém que nunca cai. Mantendo a leveza num dia de cão.

 

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Sophie Calle

Frágil

Que a melancolia sempre assombra, escurece. Rouba o meio da noite, para sempre ou vez ou outra enternece, altera e seca aliviando um humor frágil. Queria era um jantar preparado. Foi-se toda a alegria e inspiração e uns rabiscos são tudo que tenho para mostrar, até ao romper da manhã. Procurar um traço de um beijo, um abraço. Às vezes conseguia fazer caminhadas ao amanhecer, o que pode um corpo? E isso fazia alegria. Muitos belos discursos, sugestões, documentos para o fim específico.

As almas se perdem sem reparações, pois as placas não falavam a verdade. No verão já estavam lá e ninguém lhes deu atenção, não levam a lugar algum. O que você mais se quer neste momento é apenas a lucidez da hora de seguir em frente, saber se está procurando a única coisa que vai trazer a não-ação (repetidamente). E agora eu quero ser um homem (ser um homem) homem vermelho, homem menstruando. Sempre tinha que ter mais.O limite de idade. Quem vai reparar minha alma? Não é de surpreender  as veias protuberantes em suas mãos, a pele mais seca, um caso clandestino. Às vezes só se quer desviar dos maus hábitos, como beber e fumar por exemplo, mas não é um momento para fazê-lo. Tentar uma leitura diferente. A boa sorte estará a caminho, esse não é um bom lugar de se estar.

Amanhã os braços abraçarão o vazio.

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Ingmar Bergman por Irving Penn

Faz um pé descalçar o outro

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Cada um a seu modo indo a lugar nenhum… Para falar do que carregávamos n’alma, para proclamar nossa angústia, ele pedia que as oposições ficassem nítidas entre idéias e atitudes. Diga! Mesmo que sem nenhum valor jurídico, fale! Tinha sucumbido ao cansaço das palavras sem efeito, sem função, sem retorno. Cansada de pensar no ‘antes’.  Esses pensamentos nunca irão tomar forma de natureza pessoal para ele, sentia no ar. Sob tortura quase todo mundo se confessa culpado para que se acabe logo com isso. Mas sem tortura quase todo mundo inventa, esquece. Vaga. (Lembra do amor de Clarice por João). Fala que o ilógico é necessário aos homens de boa vontade e que do ilógico nasce muita coisa boa. A oposição tem uma natureza de conflito, justo. Tanta disponibilidade de meios e a facilidade dos fins esbarra no mundo loucamente acelerado, sem nos dar permissão para ficar quietos. É o seu próprio fim, o tempo sujeito…

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Xícara de leite quente

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Quando o estado de ânimo e do humor do dia o afeta… (que é a sensação de sentir o coração parar por um segundo) porque existe a liberdade. E quero um pouco também dessa energia vital, e que se diga em voz alta – comece o tratamento. Porque deve-se gostar de si. Não importa nenhum fator desses, tinha um lado de meu juízo com perfeita noção de não acontecer nada. Continuam apontando para um outro horizonte mais belo e complexo que primeiro. Sabe que cultivar estabilidade e desfrutar do conforto é o desenvolvimento livre de si e então a mente deu resposta de um nascimento acelerado pelas bruscas mutações dos desejos incompreendidos.

O princípio da incerteza só parece assumir um valor definido numa ficção, e continuar a interagir mesmo se separadas por um discurso subjetivo ou por distâncias enormes, é um desejo de salvação.

Sonha com leite quente ganhado de boa fé e bom coração, sem precisar pedir ou fazer…

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Com a pele

Está se fechando demais, siga até eu ver onde você começa a se esforçar em tempos tão apertados. Quarenta horas para sair e verá quando os copos quebrarem no chão. Então vai ser tempo para crescer e eu vou tocar seu coração.  E siga até eu ver onde você começa a arder.‘Debaixo de montanhas cobertas de neve vou partir seu coração eu vou estar sob sua pele, vou partir seu coração’. E siga até eu ver onde você começa a quebrar a cara de todos eles. E o muro desmorona. Um momento íntimo de auto-reflexão e remorso. Me apequeno se questiono as coisas muito, e às vezes isso me leva a muito pouco, bem longe do possível. Auto-sabotagem mesmo diante da oportunidade de felicidade diante dos próprios olhos. Às vezes é mais fácil deixar o ego dominar e às vezes você fica preso em um momento que lhe dá alguma clareza. Um desses momentos: uma fração de segundo de atração que se transforma na percepção de que o que já tem ou teve é muito mais real e significativo do que o que está acontecendo lá, naquele momento. As relações são como tudo na vida que insistem só porque você está profundamente apaixonado por uma ideia, não o impede de ser cegado momentaneamente, fatalmente. Está tentando reconhecer esse traço e lutar contra esse instinto. Não há tal coisa como a perfeição, mas todos nós podemos tentar ser pessoas melhores, não podemos? Disse-lhe que nunca voltará para casa e se essa vontade se transformar em uma onda, deixará você sozinha. E a sua vida tomou um rumo estranho, desnorteando você no meio da noite e a noite se transformou em dia, e sua menina disse que te amava.

 

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Kris Knight

Interior

E o seu coração montou em uma onda negra e sussurra que nunca voltará para casa.

Não olhe para baixo, eles estão fazendo sons loucos neste campo de batalha vazio. Não olhe para baixo. Não sei quem mais veio para ajoelhar-se. Hoje à noite tome uma dose, fume uns cigarros, tome sereno e deixe o rubor subir pelas pernas. Não são as vermelhas roupas que veste que irão aquietar os batimentos que insistem em doer. Há algo, mas não olhe para baixo. Sempre venta.

Explodir as coisas em preto e branco com fogo nas mentiras, tenha-se coragem. Ontem ele se mudou, hoje ele foi traído e na rua ali, no chão, os vizinhos se reúnem em volta montando guarda, lembrando das coisas que ainda tem que se cumprir mesmo que de forma sórdida.  Uma vida de trabalho, inúteis em prontidão. Não olhe para baixo nos próximos dias, tem um som ruim vindo de lá. O que você faz com uma vida de trabalho?

Segue no transporte para o campo de batalha para enfrentá-la ainda na parte da manhã. A separação dos caminhos da alegria é o choque que terá que vir. Por causa do que você quer? Ainda dói e só dói quando dói a vida de pensamento, no início da manhã, no meio da tarde e no início da noite. Comer ou ser comida? Eu sinto a fome nos olhos. Há algo, mas não olhe para baixo, eu sei quem são essas pessoas e sei o que elas representam. Marcas de mãos nas paredes, a saída comum é dizer a verdade e paredes marcadas podem destruir o pensamento de perfeita civilização ensolarada.

Truques e ensaios aguardam a criança. São apenas mais algumas noites a se conquistar.

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Edward Hopper

Sobre a fragilidade da bondade de nossos corações.

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Teve uma vez quando criança, era aula de educação física e trocávamos de roupa ali mesmo na sala, escola pública que era. Era pra eu ter colocado o short embaixo da calça e assim pensando a tirei, na frente de todos os colegas. E estava de calcinha amarela e um menino riu. Não consigo esquecer isso, primeira vez que morria. De lá pra cá, morri várias vezes mais. As peculiaridades do caráter de pessoas aparentemente invisíveis deveriam ser compreendidas como importantes. Pois procuramos a desconstrução. A gente lembra, a gente cultiva saudade. Os copos que apareciam na foto davam a impressão que era uma pessoa organizada. Relativamente, mas dá a sensação de que ali haveria algo mais. Quem sabe outra pequena morte daquelas de darem vergonha nas bochechas e não nos deixarem esquecer. São arranjos que, de uma forma ou de outra, bloqueavam a importância da vida cotidiana. Conte-me dez coisas em que eu possa…

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Levantou-noite

Isso é sobre-onde está sua cabeça? (Foda).

Não, querido, está chateada porque eles continuam mudando os sabores. Ele que nunca a tinha visto daquela forma, com roupa de casa, descalço, cabelos confusos. Ele disse que sabe de uma coisa, eu achei muito… limpo e apesar de tudo, estava presente. Pensava em novas formas de ser idoso. Sem mostrar algumas peles (cortou um tom grosseiro do porteiro) disse o que fez imediatamente e que o café estava esfriando. Estou mantendo o novo ‘espírito da coisa’ (era tão complexo que do corpo partiam uns raios com forte poder de atração) e reaprender com as meninas é um estranho tipo de alegria.

Olhou bem o terreno onde pisava quando tomou uma caminhada sozinha ontem à noite, quis saber se chovia forte de novo. Se arrastou novamente pra cama, as intenções boas dormiam dentro de sua cabeça. Caminho de ouro com um pouco de humor, era disso que precisava. Olhos miúdos, quis cigarros, quis leitura, quis chamegos.

Colocar-se rapidamente no meu lugar, lugar-conforto de cada palavra que de tão complicada como nós, inflama. Deve manter sua cabeça acima deles e você não precisa pedir muito para conseguir o meu ‘estar pronta’ para sonhar esperança em novas formas.

Deixe-me ver a marca da masculinidade do outro lado da mesa, em cinzas. Eu só posso sonhar de como seria tão impressionada por risos. Mas sexos sensuais dilaceram o coração mais forte do que a maior parte dos miúdos em outros dias… Agora corra ao longo da avenida, você tem que cair de quatro na minha fé,  lhe bastará alguma crença. Ele me ensinou a contenção. Então quer ser o lembrete de que é mais forte do que a maior parte dela mesma em outros dias. E quando eu voltar para a minha vida para conseguir me recompor, quando estiver de volta, eu acho que vou dar-lhe uma chamada.

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Mark Cohen

In a different place

Seguia pelas ruas e de dentro do táxi observava pontes e lanternas traseiras dos carros. Ela apareceu perto da estação de metrô, de quase burca e carregando uma espécie de embornal. No verão, quando o clima é quente, a sua aptidão para deslizar pelas fronteiras enfraquece e ela escreveu algumas coisas surpreendentes enquanto esperava. Você pode esticar o nariz direto para cima e tocar o céu, estará apenas a fazer o que você sente. Traga sua garrafa, use suas roupas brilhantes e venha. Bem, eu não sei por que vim aqui esta noite, disse. Mas serviu. Eu tenho a sensação de que algo não está certo, assustada caso saia de sua cadeira e siga em minha direção; e eu estou só querendo saber como eu vou descer as escadas rolantes sem prender o pé, pelas que vieram antes e depois de nós. Resistência. Esta nova peça é sobre o quê?

Eu escrevi a ele como uma aflita e pedi alguns conselhos, e ele escreveu de volta algumas coisas surpreendentes. É uma troca que realmente me aquece. Ele mudou um monte de coisas sobre a minha vida. É um jeito especial de se conhecer alguém, não acha?

Você diz que está trabalhando agora em “sistemas”? Há uma série de sons e filtros para basicamente responder aos vermelhos. Nostálgico? Político? Algo mais? A polícia coloca alguns panfletos em circulação, verdades forçadas. Não moço, eu não fiz nenhuma dessas leis, elas não são para mim.

Eu não tenho uma resposta para isso agora. Uma nuvem de fumaça se espalhou pelos três andares superiores naquela época, não vou ser capaz de falar sobre isso dessa forma. Critérios bons são os que de alguma forma sejam verdadeiros. “Resonant” é uma palavra muito grande para mim. Há uma outra nova forma estranha de um mundo como nunca se viu antes.

É sobre o meu cachorro, minha mãe, tempo, vida, morte. Todas essas coisas.

 

O que você toca? Ouviu-se o som de estilhaço de vidro seguido de um forte estampido.

 

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Woman Smoking – Mark Cohen

 

 

Irresistível

O papo é solto e o frio acontece na espinha quando as peles roçam.

Por vezes tão cansada que fecha-se por mais de quatro horas sempre gerando algum desconforto, além de desejos e intenções segundas em uma espécie de re-sentimento. Quando os tempos estão assim segue ficando no incerto. E até que o tenha de alguma forma sob a pele, vibrando, como a sensação eletrificada, seremos em suspenso. Porque você se parece com chuva, diferente a cada vez. A carcaça está a desmoronar-se e você finalmente poderá deixar que eu entre na sua vida. Será no tempo de frio, eu espero.

Os amores ficam bons, aconchego. Penso em escapar dali, ir embora, descer o elevador, devagar, lance por lance, para pensar. Vou de escadas, decido muito antes da minha saída. São mais felizes quando as coisas boas são esperadas para acontecer e não quando estão acontecendo. O ritmo é um dos mais poderosos dos prazeres, hum, e espera que continue assim. Ficaremos ali, a nos olhar, com Coltrane nas nossas costas tentando materializar o tão sonhado arrepio doce. Abrandar a respiração o suficiente para caminhar. Há de fato uma coisa como “tempo”, grita. Mas Matilde reverbera – pois é o segredo do bom tempo, e eu só vejo degraus. Arte, só por amor.

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Shoji Ueda, Girls, 1945

 

 

Mas eu não posso esquecer quando nada

Quando você optar por esconder seus olhos, tira-me daqui, esvazie os bolsos. Vê se encontra conforto nessa vida, talvez eu sei que, talvez, seja melhor assim.

Mas eu não posso esquecer que quando eu sei onde estou todos os dias, todas as noites como aquele que sabe demais, estou sã. Antes que te visse você estava em um bar esfumaçado, cantarolando violent femmes, rabiscando guardanapos, nada que prestasse, disse.

Acordo sempre bem cedo e, por força da necessidade de me ver integrada ao mundo em que vivo resolvo, já com olhos embaçados e voz embargada, fazer café. Fumar. E você disse que gosta de conversar, gosta de brincar e que estava muito assustado ali ao lado.

Compra o meu pão. Uma senhora que dorme na calçada abraçada a uma criança de brinquedo, de acordo com os costumes antigos, acorda cedo também. Bem, eu não ligo para o que está certo ou errado quando você não está lá, então eu tranquei a porta. Deixe a chave por baixo quando sair.  Lembra como costumava dizer que só poderia ficar se fosse até tarde e eu não posso ficar acordada… E eu pensei de como nada nunca se sente mesmo que desapareça. Mas eu não posso esquecer o tempo que leva.

Eu lhe disse da rua?  Temos que contar nossos passos. Já tem mais de um ano, pois que a gente podia se melar novamente. Conte os passos, você deve se lembrar do caminho.

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Arno Rafael Minkkinen

Não, você não precisa deitar em um divã

 

Hoje o dia pede que seja paciente. E quando você está em algo tão profundamente que você tem que retirar-se dos lugares comuns completamente?  Pois você não é mais aquela pessoa complicada de antes, já disse. Sussurrava: estou transbordando em sentimentos, não posso negar. Esmago casualmente o passado, mas às vezes eu fico realmente doce, em pensamentos. É afeto sempre. Eu estou ficando mais forte como pessoa, criando casca grossa. Mas às vezes eu só preciso… – ela está rindo agora – me cobrir de mandioca e carne e ficar escondidinha. E quentinha. Afeto é preciso. Olhar nos olhos, passar a mão, despedir. Condensava uma série de tarefas que estabeleceu cumprir, faz muito tempo que você não faz mais do que reler o mito de sísifo do camus. Pode ser um sinal do quanto a vida nos parece sem sentido. Em uma imagem se perdeu em silêncio e não há nenhuma maneira de sair. trabalha todos os dias de sua vida nas mesmas tarefas e esse destino não é menos absurdo. Mas ele só é trágico nos raros momentos em que se torna consciente. Acalme-se. A realidade está clara a sua frente e nem tudo é líquido. E quase dá pra apertar em um abraço. A visão está tão turva e eu estou tão cansada,  e eu vou abrir meu coração apenas para você.

 

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Chargesheimer

 

É difícil lembrar da doçura

Para viver como as outras pessoas nessa época de compromissos, responsabilidade e foco. Concreto e prático. Essa mulher disse que eu estou dividida entre duas vidas, difícil esquecer a dor, mas é ainda mais difícil lembrar da doçura. Não temos nenhuma cicatriz para mostrar para a felicidade quando não temos como falar do amor. ‘Leve-me em uma unidade da noite, e depois para casa novamente numa viagem tranquila onde nos encontraremos no fim’ como em um pequeno romance. Desejo revestido de liberdade, memória e antecipação. ‘Eu ainda tenho uma arma de fogo para os meninos bonitos’ para viver como as outras pessoas. Hoje de manhã tinha um jornal cristão debaixo da minha porta. Para alguém que eu posso ter aliviado de todas as coisas que poderíamos fazer. Deve ser apenas as cores e a criança que mantêm alegrias por aqui. Porque quero ir à passeio nas distâncias, para uma noite de janeiro, um velho amigo. Arregaçar as calças de brim, mostrar as pernas grossas, membros nem delgados e depois iria me abraçar. É tão difícil ir na cidade. Agora tudo o que quero fazer é ir a lugares vermelhos e tentar ficar bem. Isso me manterá viva nesta noite de janeiro.  Há uma falta de graça (que podemos dar a palavra seu duplo sentido aqui).

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Yasuhiro Ishimoto

Please, be kind

Essas coisas não estão nada bem. Não há problema em sentar-se sozinho em um café, desenhar firulas em um guardanapo, algumas palavras sobre o seu dia,  beber tequila e se apaixonar por amigos virtuais. Minha querida, um que seja selvagem, um pouco, o bastante… À luz cedo, disfarce. A noite atuada, passada, bom… foi.  Quando a maneira como você se apaixona tem aquele sabor estrangeiro, passa perto de fazer força para que seja amável, por favor seja gentil. Viva a vida com os olhos abertos e os braços girando. Nah… cansaço. Às vezes, mas só às vezes, achar seu rosto o mais delicioso e sorrir. Não será o bastante, já sabe, pros egos mais egos. Diga, vida não tem de ser vivida dentro das cinzas. Nem preenchendo buracos, carências. Porque é bom não estar sozinho. Não exatamente estar com outra pessoa, tantos rostos… mas importa não estar sozinho. Isso é tão frágil.

E sentir alguma humanidade conectando através de um simples sorriso ou um aceno… você terá momentos onde seu cérebro quer escapar de seu corpo e seu corpo vai sentir como em uma prisão, quebrando contusões ao longo do seu crânio em eletrochoques dos neurônios. Essas coisas, não estão bem, nada bem. Tentar. E colocou a mão sobre seu peito para sentir seu coração batendo e respiração forte. Permissão. Cada um para si. Concedida. Não há problema em usar batom, brincos ou não. Apaixone-se pelos meninos. Não há problema em sentir e deixar-se crua e real. Rios de arrepios ondulação fria através de sua espinha, não há problema em chorar.

Afiadas lâminas em sua mente, implorando para algo que alguém que você almeja seja. Não há problema estar sozinho, às vezes, é melhor para esconder as lágrimas e seus próprios olhos. Você deve defender seu direito de sentir sua dor. You’re still the bitch, still the slut, anyway.

Meret Oppenheim

Meret Oppenheim

 

Solapar-se

Pois que tava daquele jeito pensando que tem sido tempos difíceis pra gente, tentando acalmar as ansiedades todas. As palavras que estavam na boca que não vão, porque não consegue sair do apartamento, queriam te ver no altar. Deixa o gosto do tempo que faz, os dedos grossos. Queria ver mais filmes, em algum lugar, pra ir pra outro. Para molhar e salgar. Nem me lembro mais… Não era possível ficar à vontade… exatamente ali, era do naipe da que enconcha. Não é delícia essa parte que pouca coisa muda. Esteve tão enfurecida, por tanto tempo, enfurecida pro dentro – o que lá não era uma exclusividade sua. Hábil pra tirar as meias de nylon durante um striptease debaixo d’água. Queria absorver goles de ar, às vezes. Quando fora de contexto, a mania nacional, o que importa mesmo é o tira logo a roupa. Porque o corpo é uma festa, está sempre em festa, mesmo que emudecidos, o fogo-do-ar foi silêncio e sabia que se arrepiaria pelas próprias mãos.  La la laiá laiá la la laiá… Porque tava com cara de que ressoaria dentro, de alguma forma. Criou muito bonito dezenas de textos enquanto desfrutava de cocktails, sol, o simples e o samba.

 

Sentimentos acham lugares estranhos para serem guardados… 

 

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Divena

 

Alguma autodescoberta

Porque hoje quis muito chorar. Falta espaço, lugar, ombro. Falta faltar vergonha. A íris vermelha num deixa a voz sair. Talvez, talvez tente. Não comecei a interessar-me por tudo isso muito cedo. E lá era uma mistura de ler alguns livros que estavam por ali e alguma autodescoberta. Ainda que tenham sido dias intensos, era possível afirmar que o desejo era de ultrapassar o nada. Ano após ano em fila, quatro décadas. Para muitos parece mais fácil tirar forças para a vida em ameaças de fim de mundo, fim dos tempos, deuses e todas as propagações de ódio. Deve ser bom, reconfortante, aliviante… ter certezas. Pois a corda no pescoço de acreditar na deterioração da vida, das vidas todas…  sentir  (e como sentir) objetiva e subjetivamente, no seu cotidiano…  sabem que criamos lembranças falsas o tempo inteiro, não é? Há sempre um ofício, um trabalho sobre as palavras. Todo cérebro se ilude ao resgatar eventos passados, sei lá se devemos confiar na memória… mas sei que fiquei sem roupas.  A partir dali era só resgate… concentração de forças e recursos do naipe de resistência. Cansa, não cansa. Cansa. Estando o tempo todo se adaptando, se esquecendo de detalhes e fatos, para colocar outras coisas no lugar. E essa vontade de lágrimas? E tem jeito das lágrimas secarem antes… antes de rolar abaixo? Tem silêncio na solidão não.

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Tanto vigor

Disseram que eu não existia e colocaram um colar em mim, mais uma vez. De onde estou só vejo pernas, com calças, com meias, com joelhos. O amor, dizia, é complicante. You are getting old. Só queria envelhecer como se não estivesse envelhecendo, com a vontade de colecionar rugas imaginárias. O dia promete ser de lutas, todas. Interessa a tudo. Eu não posso falar por ninguém, mas para mim que sempre fui muito mais um ali, no nada, a fazer nada, era abismo. Coloquei pausa no sabão pra escrever. Porque diabos as pessoas são tão más? Inseguras tentando não ser, fingindo não ser, porque era importante aparentar-se inteiro. A maldade vinha de mão dada com isso. Mas a maldade era ensinada de pai pra filhos, no final tinham uma família má, exceto as crianças enquanto crianças. Ele disse que gostava de bater. Eu nunca bati! Ele serviu e serviu e serviu-se. Entornou duas vezes. Era bonito. Queria piscar normalmente, mas piscava lento, e saíam águas dos olhos. Infalível castigo. E a verdade da questão é que estamos em um mundo muito, muito acelerado e para a forma de bem estar desejando um ritmo mais lento parecia não fazer sentido. Mal se apercebeu eram mais de duas da manhã. Os caixotes batiam, pensei em pular da janela. Seria facinho dali. Porque então não seria muito relevante para os tempos que nós… Não queria mais coturnos, pesam e penam a caminhada. A vida tornada interessante submete a uma lógica que você não controla, já que duas ou três coisas são muito mais importantes do que o que você sabe. O amor foi apertado cheio de abraços. E os dedos tinham estrelas.

 

 

Ventaneando

Só teriam um ao outro nas coisas íntimas, circunspeção, meditação e capacidade de espera. Ela estava era cansada de falar do óbvio, de sentir aquele embate novamente. Era batalha perdida. Olhava ao redor e via pobreza de vida, de ações. Tinha quem estava feliz em se entregar e odiava quem não.

‘É assim mesmo e sempre vai ser’, ‘esse povo tem o que merece’ era o que ouvia que mais entristecia. Não ter que ser bela era algum tipo de super poder naquela época. O pensamento, que produz opiniões…  vivemos sem saber de fato dizer o que é a diferença.

Faça fazer sentido por ali na esquina, rodando com os dedos duas ou três folhinhas, agachada no canto. Então um homem não pode simplesmente abrir uma porta e olhar? O mundo dos fatos reais. Porque nem devia pensar em avisar à pequena, tu és e pronto.

Talvez uma realidade mais sensível, mais difícil, menos precipitada, correria danada. O estado de sonolência a deixa bem. Porque a sede estava aplacada por esses dias, queria era dormir, querendo menos. Vontade de nada, mão no queixo, cabeça apoiada. Pose de ancestral. A respirar de forma menos profunda do que seria desejável, menos gases tóxicos, mais sutileza.

Há de se acostumar, vida sem água.

 

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Lucien Clergue, Bird fallen from the nest, 1955

 

 

Olha-me com cuidado

Não surpreendia que emagrecesse. Teve um ligeiro ataque de influenza que acabou se arrastando, insidiosamente, por dias e dias. Não melhorava nunca. Num fim de tarde pôde ir ao terraço, apoiada pela parede. Se  pensa terá angústia, se duvida terá a loucura, disse o Galeano. A escolha de solidão, de solidão ativa, tem relevância não só para o romance. Mas é aquele diabo de busca por algum fôlego de vida, alguma alegria de uma florzinha de mato. Achava que era uma pessoa dessas sensíveis, que não se recuperam  fácil das quedas da vida. Vulnerável. Uma pessoa busca prazer ao sentir dor ou imaginar que a sente. Coisa por demais importante e por demais séria. Olhar com cuidado. Ali, já respirava melhor… nenhuma solução era pra ser satisfatória, afinal. O entendimento sobre a realidade da maneira mais… bom, não queremos que vá alguém que entre em pânico logo ao primeiro tiro.

— Boa sorte — falou a outra mulher. Fear is boring afinal. Tenha coragem na sua própria desconstrução. Vamos aos saltos.

 

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Catherine Deneuve and Françoise Sagan on the set of La Chamade directed by Alain Cavalier, 1968

A vez da nova suavidade

Às vezes se tem problemas para começar, às vezes você tem problemas de continuar o movimento apenas. Estava contando os passos quando refiz o caminho de casa. Tento não pensar, ou dizer-lhe que não estou disposta a esperar. Pelo menos não como antes. Porque profundamente no meu coração estou disposta, o coração ainda está disposto.
Impaciente com meu cérebro, desajeitadamente procuramos o jeito e os outros jeitos de viver e, inteiramente desprovidos de territórios, nos fragilizamos até os desmanchar irremediavelmente.  E é o que está impedindo de se acalmar. Essa maldita vontade de espelho. Quando esteve dentro da casa cerrada, ruminava ofensas, ironias… as palavras, olhares ou insinuações oblíquas. Mas aquilo estava no passado, era matéria em movimento o novo sentir.

Hwa Kyung Kim
Hwa Kyung Kim

Oscila

Antes, bem antes daquilo, o cotidiano era um andar nas alturas. Um ritmo acelerado a duras penas buscando um teco de serenidade. Extenuada, enfrentou contigo as palavras. Um desejo antigo aquele, meio sem dono, sombrio e repetitivo, dava tempo para um suspiro. E que escura me fiz, se a fome vem larga e espessa, atordoando os sentidos, talvez fosse saudade. De agora em diante, fábula conceitual. Fruta boa da isenção de vontade, alheio à dor. Guardemos o contraditório, então. O que estamos fazendo de nós. Olho que não pode ser, não pode ser em nenhuma direção. Paisagem. Tem um dia que você consegue, e por alguma razão começo a desconfiar. Ver é para que se seja algo. Ausência. Algo absurdo e sem sentido, vontade de conhecer mais afetos, contundência. Vai ter um dia que vão fazer uma festa pra você. Oscila. O sentido é sempre o do tato, na direção da alegria do desejo. É importante que ele venha de longe, cheio de marra, cheio de respostas para a vida, que contamine a todos pela potência da vida. Independentemente do vivente.

Egon Schiele
Egon Schiele